Introdução: a Flauta Primitiva
A flauta é um dos mais antigos instrumentos. Desde os tempos mais remotos,
encontramos relatos sobre homens que se utilizavam de ossos e outros objetos com formato de
tubo para produzir sons. Na era paleolítica, tais fatos tinham ligações com o simbolismo das
culturas e os fenomenos sonoros ligados à esses objetos tinham um significado místico. Como os
tambores, a flauta foi inventada para servir a rituais de magia. Era usada por curandeiros das
tribos como um instrumento de auxílio em suas comunicações com o mundo dos espíritos, para
curar doenças, cessar a chuva e assim por diante.
Em seus estágios iniciais, a flauta tinha várias formas, desde um pequeno apito feito a
partir de osso de avestruz, passando pelo tubo de bambu com um corte em forma de forquilha
(que mais tarde se transformaria na flauta doce) e ainda algumas fabricadas a partir de cascas de
frutas que, após secas, deixavam uma cavidade ôca em seu interior.
Com o passar do tempo, orifícios foram sendo adicionados às flautas e suas outras formas.
As civilizações Egípcias e Sumérias já entraram na história fazendo uso de instrumentos com três
ou quatro orifícios. No entanto, desde a era pré-histórica já se sabia de flautas fabricadas com
ossos e contendo vários orifícios perfurados.1
A flauta, portanto, herdou estas características mágicas. Em solos orquestrais como
L'Après-midi d'un Faune (Debussy) e Daphnis and Chloë (Ravel), não é difícil identificar o deus
Pan, recostado à uma árvore, flauteando seus encantos e inspirando a floresta com seu som
mágico.
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